Para qualquer criança, brincar é tão essencial ao seu desenvolvimento como a alimentação e o carinho. Enquanto brinca, a criança organiza a sua forma de pensar e sentir, mostra como vê a realidade e aprende a interagir com os outros e vive as situações de uma forma espontânea e alegre.
Brincar é natural na criança, facilita o seu crescimento harmonioso, desenvolve a relação com o outro, é uma forma de comunicação, ajuda a aprender a resolver conflitos e a lidar com as situações.
Cada idade tem um modo de brincar específico e é em cada uma dessas fases que a criança aprende a diferenciar a realidade da fantasia.
Aprende também a separar o seu espaço do espaço do outro e a dar novos significados à realidade que a rodeia conforme o que assimila durante as brincadeiras.
A forma como a criança brinca revela a sua personalidade e a forma como está estruturada para se relacionar com o mundo, ou seja é claramente visível nos sentimentos que as brincadeiras despertam, como por exemplo os jogos (ganhar e perder).
O brincar tem um papel fundamental no controlo da agressividade e na descoberta de novas formas de estar. Enquanto constroem batalhas com soldados, descarregam a fúria de alguma frustração, e aprendem a controla-la.
Assim o brincar ajuda a descomprimir o dia a dia onde a criança tem que aprender a integrar-se nos diferentes grupos e situações. A sua vida é orientada por regras de comportamento, e é frequentemente sujeita a repreensões e chamadas de atenção.
Assim os saltos e tropelias e os excessos ajudam-na a libertar tensões acumuladas e levam á exaustão – e a uma boa noite de sono.
O papel dos pais é, então, estimular a brincadeira na criança, mostrar-lhe que o jogo, o movimento, o desenho ou até a leitura, podem ser tão divertidos como um game-boy, ou a televisão.
Durante as brincadeiras e jogos a criança desenvolve aspectos importantes para o seu crescimento, tais como: desenvolvimento físico (muscular), raciocínio lógico, percepção sensorial, socialização, comunicação e criatividade.
Quando se encontra uma criança que não brinca, não convive com as outras crianças quando estão juntos, então estamos perante uma criança inibida, que não se desenvolveu ao nível da socialização e do brincar, pode acontecer por diversos motivos:
Pais demasiados proibitivos e culpabilizantes, que não estimulam a brincadeira, e que travam o processo exploratório, pais que punem a agitação motora natural na criança, pais que convivem mal com as tropelias próprias das crianças, em suma pais pouco disponíveis para brincar com os filhos.
É papel dos pais estimular o acto de brincar. Estimular o potencial da criança para que desenvolva uma série de capacidades que lhe são inatas (brincar, correr, saltar). No entanto como em tudo, o excesso de estímulos pode confundir a criança.
Resumindo: brincar estimula os reflexos perceptivos, motores, intelectuais, e sociais da criança, ajuda-a a conhecer-se a si mesma e a explorar as suas emoções. Por outro lado auxilia a criança a tomar noção do “eu” e do “outro”, e desenvolve a linguagem.
Assim, dizemos aos pais, sempre que puder brinque com o seu filho. Desenvolve a confiança da criança em si mesmo, ou seja a sua auto-estima.
O brincar não é apenas uma necessidade biológica para descarregar energia embora sirva essa função também, é mais que isso, é um encontro com as emoções e com a criatividade, é ai que a criança descobre o seu verdadeiro “eu”, como diz Winnicot.
Quando se brinca evoca-se uma relação de domínio entre a realidade psíquica e o mundo real no qual se vive, conferindo harmonia ao pensamento e ás emoções. Por isso quando se brinca organiza-se o mundo interior e abre-se espaço para a aprendizagem.
Uma criança que não brinca não está disponível para a aprendizagem, não sabe ler as emoções, não consegue dar sentido à sua realidade interna. Esse silencio no brincar inibe o pensamento que é uma forma de não perceber os afectos, e a curiosidade que separado do desejo de aprender não consegue cultivar a ideia e partir á descoberta da leitura, da escrita das ciências, da matemática etc.
A criança que não consegue brincar, não consegue representar a sua realidade, está submerso em sofrimento e angústias. Quando uma criança não brinca com outras e as agride sem parar (a agressividade também é normativa) é motivo para pedir ajuda especializada.
Por tudo isto, a todos vós, pais, incentivai as vossas crianças a brincar.
M Jesus Candeias
Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta
jesuscandeias@gmail.com
Muito obrigado pelo seu artigo.
ResponderEliminarSou Educadora de Infância e encontrei o seu blogue enquanto pesquisava um texto para fundamentar a reunião de pais do início do próximo ano lectivo. (Posso usar o seu?)
Acabei "passeando" pelo seu blogue.Gostei muito do que vi por cá. Obrigado por ter partilhado tantas coisas úteis connosco. Vou recomendá-lo aos pais.
Uma boa semana
Luz
Pequenos passos - pequenospassos-luz.blogspot.com
Obrigada pelo seu comentario Maria da Luz.
ResponderEliminarClaro que pode usar a minha informação, esse é um dos propositos deste blog, para que possamos ajudar a desenvolver crianças mais felizes e saudáveis.
Disponha sempre
ola! eu sou uma estudante e estou a fazer um trabalho sobre as saídas à noite na adolescência e a gravidez na adolescência mas não estou a conseguir encontrar informação para as poder relacionar. Será que me podia ajudar? Obrigado.
ResponderEliminarola o meu filho tem 5 anos e e muito irrequieto e muito teimoso o que posso fazer para ele parar
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