Um dos problemas mais preocupantes para pais e educadores na educação dos jovens são as saídas à noite.
Mães e pais vivem preocupados com isso e sem saberem muito bem que atitude tomar: deixo ir, ou não deixo? Marco horas para estar em casa ou não? Tem treze anos e quer sair à noite, deixo? – Claro que estas respostas não são fáceis e temos sempre que analisar situação a situação.
As experiências da noite chegam aos jovens cada vez mais cedo, e quando não existe em casa um ambiente seguro ao nível dos afectos e dos limites então estão criadas as condições para que corram grandes riscos por não se saberem defender.
É cada vez mais frequente vermos jovens que começam a sair aos 11/12 anos e “alguns” adultos adultos a aceitarem isto como normal. Na minha opinião e o que tenho constatado na prática clínica é que os adolescentes entre os 11 e os 15 anos não estão capazes ao nível afectivo e cognitivo de saber enfrentar uma noite cheio de oportunidades de enveredar por comportamentos de risco (álcool, “charros” ou “curtes”).
O álcool, as “ curtes” e os “charros” farão com que possam cair nas mãos de depravados habituados a frequentarem estes ambientes como predadores, pois tratam-se de predadores narcísicos, tipo D. Juan, ou pessoas ainda mais perturbadas ( pedófilos etc.) que podem inclusive molestar fisicamente estes jovens.
Assim , nestas idades, se saírem devem ir acompanhados de alguém de confiança, pais ou outros, mas sempre com adultos e não com irmãos mais velhos.
A noite é símbolo de libertação. Por isso, quase todos os adolescentes sonham com as saídas nocturnas e as noitadas com os amigos chegam cada vez mais cedo.
Grande parte dos pais, infelizmente, não sabe dizer que não com medo de traumatizar a criança, ou porque se projecta no filho e recorda a sua adolescência provavelmente muito castradora, logo deixam fazer aos filhos tudo o que os seus pais não lhe deixaram.
No entanto como se costuma dizer “ nem tanto ao mar, nem tanto à terra”, devem os pais encontrar um meio-termo se o adolescente já tem 15 ou 16 anos.
Se tem 14 devem deixar sair de vez em quando mas com companhia adulta de confiança. Porque não os pais?
Antes dessa idade então o não deve ser redundante e firme. Podem crer que por mais que os vossos filhos lhes digam que todos saem menos eles, que isso já não se usa, que os tempos são outros, lhe estão a fazer um enorme favor e até aos próprios pais. Um dia o adolescente quando já tiver mais maturidade e mais experiência vai entender.
No entanto estes limites devem sempre ser conversados e explicados.
A “introdução” ao mundo da noite deve ser feita pelos pais. Não sei se o leitor já observou alguma vez um bando (digo bando, porque costumam ser muitos) de adolescentes que não tem mais de 12 anos, na noite a caírem de bêbados e a fazerem distúrbios? É um espectáculo horroroso, parecem órfãos.
Onde estão os pais? Será que dormem descansados? O que vai destas gerações em que divertimento passa por beberem até caírem de bêbados e que é impossível divertirem-se sem beberem. Estas gerações são o futuro. Não será todos assim, obviamente, mas estamos a criar gerações de gente vazia de pensamento.
Para o futuro mundial, não me parece muito bom, especialmente em Portugal que estamos numa crise social e económica grave, ao nível da educação, afectos, e de valores.
São estas crianças que anos mais tarde não conseguem ser interventivas ao nível social, porque o pensamento ficou atrofiado, perpetuando um ciclo que temos que interromper.
Creio que ainda podemos inverter estas situações, especialmente com muito amor e firmeza da parte dos pais, mas tenho consciência que é muito difícil quando o álcool é vendido sem regra e sem consciência, senão como é que se explica que miúdos de onze doze anos caiam de bêbados nos passeios dos bares?
A intervenção de pais, educadores sociais, médicos, psicólogos e professores em acções concertadas seriam desejáveis para que os jovens entendessem que podem divertir-se sem beberem.
As estatísticas dos bancos de urgência registam largas centenas de jovens em estados de etilismo agudo nas épocas festivas.
Por outro lado, vigiar, controlar, exigir que não saiam de casa, só irá alimentar ainda mais, a rebeldia própria da adolescência.
Na minha opinião o combate ao consumo de álcool e a regulação das saídas à noite não passa tanto por fazer marcação cerrada (embora seja necessária) mas também por apostar na educação (a grande obreira da nações, mas não como está neste momento) e apoio a pais e alunos na área psicológica numa intervenção imediata e no terreno.
Muitas vezes os pais, eles próprios muito frágeis, não sabem e não conseguem actuar com os filhos, mas também não sabem onde se hão-de dirigir para procurar ajuda.
É responsabilidade da família perceber o limite entre o saudável e o patológico nas atitudes dos filhos, e quando perceberem que “algo não está bem” que não estão a conseguir comunicar com os vossos filhos, então pedir ajuda é fundamental.
Os pais precisam de ajudar os filhos a organizar o seu mundo interno.
Procurar uma orientação adequada é um dever dos pais, pois são espelhos fundamentais na educação dos filhos e responsáveis por lhes proporcionar a segurança emocional que necessitam.
Por vezes basta um aconselhamento pedagógico/ terapêutico aos pais para que fiquem mais aptos a lidarem com estas situações. Infelizmente são ainda muito poucos os que procuram ajuda.
A orientação profissional de um psicólogo pode ajudar nesse processo, e se necessário for, encaminhar o próprio adolescente para uma psicoterapia.
A adolescência é um momento difícil para pais e filhos.... as duas partes envolvidas não devem esquecer que: “Todas as pessoas gostam de saber que são amadas e admiradas, apesar dos defeitos que possam ter!”
O respeito e a negociação constituem a base de todos os relacionamentos, e são indispensáveis em qualquer idade. Pense nisso!
Sabe, eu tenho 13 anos, e gosto de sair de noite. E não, não bebo. Sabe, meus pais me levam e vão pra uma pizzaria que fica perto da praça, e fico na praça com minha amiga. E concordo que para se divertir não é necessario beber, pena que são poucos que entendem isso.
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